Aneurisma de Aorta e Dissecção de Aorta: O que é e como tratar?
1 – O que é a Aorta?

A aorta é a maior artéria do corpo humano, responsável por transportar o sangue rico em oxigênio do coração para o restante do corpo.
Sua saúde é vital para o funcionamento adequado do sistema circulatório.
Na figura abaixo mostramos uma divisão sobre as partes da aorta.


Cardiologista | CRM: 125197 | RQE 95389 | +19 anos de experiência
- Associações Profissionais:
- Filiada à Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo)
- Atuações Hospitalares:
- Membro da equipe de cardiologia e reabilitação cardíaca dos Hospitais Samaritano Paulista e Higienópolis
- Formação:
- Pós graduação em cuidados paliativos no Instituto Paliar
- Pós Graduação em Fisiologia do exercício no CEFIT
- Especialização em Reabilitação Cardíaca no Instituto do Coração, INCOR
- Residência médica em cardiologia no Instituto do Coração, INCOR
- Residência médica em Clinica medica na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, PUC Campinas
- Graduação na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, PUC Campinas
1 – Aneurisma de Aorta
Um aneurisma de aorta ocorre quando há uma dilatação ou expansão anormal de uma parte da aorta, maior que 1.5x o seu diâmetro normal.
Essa condição pode se desenvolver lentamente e frequentemente não apresenta sintomas óbvios, tornando-se um “assassino silencioso”.
Existem dois tipos principais de aneurisma de aorta:
Aneurisma de Aorta Abdominal (AAA)
Ocorre na parte da aorta que passa pelo abdômen. É mais comum em homens acima de 65 anos e em fumantes.

Aneurisma de Aorta Torácica
Acontece na parte da aorta localizada no peito. Pode ser hereditário ou resultado de condições médicas, como a hipertensão.


2 – Fatores de Risco para aneurisma de aorta
- Tabagismo

- HAS – Saiba mais em: Hipertensão Arterial: O que preciso saber?

- Aterosclerose – Saiba mais em: Colesterol: O que preciso saber?

- Desordens genéticas (Marfan / Ehlers- Danlos)

- Doenças Infecciosas (sífilis)

- Doenças Congênitas (v. aórtica bicúspide)

3 – Diagnóstico
O diagnóstico precoce é crucial para prevenir complicações graves, como a ruptura do aneurisma..
1. Avaliação Clínica
Serão avaliados sintomas como dor abdominal ou nas costas, sensação de massa abdominal pulsante, histórico familiar de doenças cardiovasculares, e fatores de risco como hipertensão, tabagismo e colesterol alto.
Durante o exame físico o médico pode detectar uma pulsação anormal no abdômen ou sopros arteriais, indicando um fluxo sanguíneo turbulento que pode sugerir um aneurisma.

2. Exames de Imagem
Após a suspeita inicial, exames de imagem são essenciais para confirmar a presença de um aneurisma de aorta e determinar sua extensão.
Ultrassonografia Abdominal: Uma ferramenta comum de triagem, principalmente para aneurismas de aorta abdominal (AAA). É não invasiva e pode medir o diâmetro da aorta com bastante precisão.
Angio-TC: É preferida para uma avaliação mais detalhada. Este exame oferece visões claras da aorta e permite ao médico medir o tamanho do aneurisma e verificar a presença de coágulos sanguíneos no local.
Angio-RM: Usada para uma avaliação detalhada da anatomia da aorta e da parede do vaso sem exposição à radiação. Ideal para pacientes que requerem monitoramento ao longo do tempo, especialmente para aqueles com contraindicações à radiação.
Ecocardiograma transtoracico – pode avaliar com mais precisão a aorta ascendente e já identificar dilatações e aneurismas

Após o diagnóstico inicial, é essencial:
- Avaliar o Risco de Ruptura: Considerar o tamanho e a taxa de crescimento do aneurisma. Aneurismas maiores ou em crescimento rápido têm maior risco de ruptura.
- Monitoramento Regular: Em casos de aneurismas pequenos, acompanhamento com exames periódicos para monitorar mudanças no tamanho e na morfologia do aneurisma.

4 – Tratamento dos aneurismas
Aneurismas em aorta toracica menores (<5,5 cm) que não apresentam sintomas significativos, serão monitorizados com exames de imagem para acompanhar o seu crescimento .
Aneurismas em aorta abdominal geralmente requerem intervenção quando o diâmetro atinge ou ultrapassa 5,5cm.
Importante lembrar que, pacientes com síndromes genéticas (como síndrome de Marfan) podem necessitar de tratamento precoce, mesmo com menores tamanhos de aneurisma.
Controle de Fatores de Risco: Controle rigoroso da pressão arterial e frequência cardíaca.
Cirurgia é recomendado quando o aneurisma é grande (>5,5 cm) ou cresce rapidamente. A indicação da correção se será cirúrgica ou percutânea será avaliada pelo cirurgião vascular.
5 – Prevenção
Manter um estilo de vida saudável, controlar a pressão arterial e fazer exames regulares são medidas importantes para a prevenção.

Dissecção de Aorta
A parede da aorta é formada por 3 camadas – a intima, a média e a adventícia (a mais externa). A dissecção de aorta é uma condição mais grave que ocorre quando a camada interna da aorta (entre a íntima e a média) se rasga, permitindo que o sangue flua entre essas 2 camadas da aorta. Isso pode levar a um rompimento total da aorta, que é uma emergência médica.


1 – Classificação das dissecções
As dissecções são classificadas pelo sistema Stanford:
Tipo A: Envolve a aorta ascendente e, muitas vezes, requer intervenção cirúrgica imediata devido ao alto risco de mortalidade.
Tipo B: Localiza-se distalmente à artéria subclávia esquerda. Pode inicialmente ser manejada de forma conservadora com controle rigoroso da pressão arterial e da frequência cardíaca, a menos que complicações se desenvolvam.


Quadro clinico
Para um diagnóstico eficaz, é essencial reconhecer os sintomas associados às síndromes aórticas. Os sinais incluem dor intensa no peito ou nas costas, que pode ser súbita e lancinante (que se faz sentir por pontadas, picadas, fisgadas internas).
Exames para o diagnostico:
Rx tórax – pode apresentar dilatação do mediastino, mas pode não ter alterações que chamem a atenção para este diagnóstico
Ecocardiograma transtoracico – já consegue identificar alterações na aorta ascendente.
Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) para visualizar a anatomia da aorta e identificar extensão da dissecção e sinais de complicação, assim como presença de trombos.
2 – Tratamento
Intervenção Cirúrgica Imediata: Recomendado para dissecção de aorta tipo A (que envolvem aorta ascendente) devido ao risco elevado de mortalidade, sempre associado ao tratamento medicamentoso que neste caso tem por objetivo manter FC baixa e PA controlada enquanto se aguarda a cirurgia.
Para a dissecção tipo B, o tratamento inicial é frequentemente conservador, utilizando medicamentos para controlar a hipertensão e reduzir a carga sobre a parede aórtica. Beta-bloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) são comuns nessa abordagem.

3 – Considerações na Gestão do Paciente
Gestão Multidisciplinar
Um time multidisciplinar é fundamental. Cardiologistas, cirurgiões vasculares, anestesiologistas e radiologistas devem cooperar para planejar e executar estratégias de tratamento personalizadas.
Controle dos Fatores de Risco
Ações preventivas são essenciais:
Hipertensão: Deve ser controlada rigorosamente usando medicamentos e adaptando o estilo de vida.
Tabagismo: Os pacientes são aconselhados a parar de fumar para reduzir o risco de degeneração da parede arterial.
Monitoramento: Exames regulares são cruciais para o diagnóstico precoce e a prevenção de complicações adicionais. Ultrassom e TC são ferramentas de acompanhamento padrão.
Educação e Compromisso do Paciente
A educação do paciente desempenha um papel vital na gestão de condições crônicas. Eles devem ser orientados sobre:
Importância da Adesão ao Tratamento: Seguir estritamente as indicações medicamentosas e recomendações do estilo de vida para promover saúde a longo prazo.

Cardiologista | CRM: 125197 | RQE 95389 | +19 anos de experiência
- Associações Profissionais:
- Filiada à Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo)
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- Membro da equipe de cardiologia e reabilitação cardíaca dos Hospitais Samaritano Paulista e Higienópolis
- Formação:
- Pós graduação em cuidados paliativos no Instituto Paliar
- Pós Graduação em Fisiologia do exercício no CEFIT
- Especialização em Reabilitação Cardíaca no Instituto do Coração, INCOR
- Residência médica em cardiologia no Instituto do Coração, INCOR
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Referências:
Ann Thorac Surg 2024;118:5-115 AORTIC DISEASE CLINICAL PRACTICE GUIDELIN
EACTS/STS Guidelines for Diagnosing and Treating Acute and Chronic Syndromes of the Aortic Organ.